Desta vez o alvo é o anacrônico programa BBB-10 da TV Globo. Nesse novo cordel intitulado "Big Brother Brasil, um programa imbecil" ele não deixa pedra sobre pedra. São 25 demolidoras septilhas (estrofes de 7 versos):
Curtir o Pedro Bial
E sentir tanta alegria
É  sinal de que você
O mau-gosto aprecia
Dá valor ao que é banal
É  preguiçoso mental
E adora baixaria.
Há  muito tempo não vejo
Um programa tão ‘fuleiro’
Produzido pela  Globo
Visando Ibope e dinheiro
Que além de alienar
Vai por  certo atrofiar
A mente do brasileiro.
Me  refiro ao brasileiro
Que está em formação
E precisa evoluir
Através  da Educação
Mas se torna um refém
Iletrado, ‘zé-ninguém’
Um  escravo da ilusão.
Em  frente à televisão
Lá está toda a família
Longe da realidade
Onde  a bobagem fervilha
Não sabendo essa gente
Desprovida e inocente
Desta  enorme ‘armadilha’.
Cuidado,  Pedro Bial
Chega de esculhambação
Respeite o trabalhador
Dessa  sofrida Nação
Deixe de chamar de heróis
Essas girls e esses boys
Que  têm cara de bundão.
O  seu pai e a sua mãe,
Querido Pedro Bial,
São verdadeiros heróis
E  merecem nosso aval
Pois tiveram que lutar
Pra manter e te educar
Com  esforço especial.
Muitos  já se sentem mal
Com seu discurso vazio.
Pessoas inteligentes
Se  enchem de calafrio
Porque quando você fala
A sua palavra é bala
A  ferir o nosso brio.
Um  país como Brasil
Carente de educação
Precisa de gente grande
Para  dar boa lição
Mas você na rede Globo
Faz esse papel de bobo
Enganando  a Nação.
Respeite,  Pedro Bienal
Nosso povo brasileiro
Que acorda de madrugada
E  trabalha o dia inteiro
Dar muito duro, anda rouco
Paga impostos,  ganha pouco:
Povo HERÓI, povo guerreiro.
Enquanto  a sociedade
Neste momento atual
Se preocupa com a crise
Econômica  e social
Você precisa entender
Que queremos aprender
Algo  sério – não banal.
Esse  programa da Globo
Vem nos mostrar sem engano
Que tudo que ali  ocorre
Parece um zoológico humano
Onde impera a esperteza
A  malandragem, a baixeza:
Um cenário sub-humano.
A  moral e a inteligência
Não são mais valorizadas.
Os “heróis”  protagonizam
Um mundo de palhaçadas
Sem critério e sem ética
Em  que vaidade e estética
São muito mais que louvadas.
Não  se vê força poética
Nem projeto educativo.
Um mar de vulgaridade
Já  tornou-se imperativo.
O que se vê realmente
É um programa  deprimente
Sem nenhum objetivo.
Talvez  haja objetivo
“professor”, Pedro Bial
O que vocês tão querendo
É  injetar o banal
Deseducando o Brasil
Nesse Big Brother vil
De  lavagem cerebral.
Isso  é um desserviço
Mal exemplo à juventude
Que precisa de esperança
Educação  e atitude
Porém a mediocridade
Unida à banalidade
Faz com que  ninguém estude.
É  grande o constrangimento
De pessoas confinadas
Num espaço luxuoso
Curtindo  todas baladas:
Corpos “belos” na piscina
A gastar adrenalina:
Nesse  mar de palhaçadas.
Se  a intenção da Globo
É de nos “emburrecer”
Deixando o povo demente
Refém  do seu poder:
Pois saiba que a exceção
(Amantes da educação)
Vai  contestar a valer.
A  você, Pedro Bial
Um mercador da ilusão
Junto a poderosa Globo
Que  conduz nossa Nação
Eu lhe peço esse favor:
Reflita no seu labor
E  escute seu coração.
E  vocês caros irmãos
Que estão nessa cegueira
Não façam mais  ligações
Apoiando essa besteira.
Não deem sua grana à Globo
Isso  é papel de bobo:
Fujam dessa baboseira.
E  quando chegar ao fim
Desse Big Brother vil
Que em nada contribui
Para  o povo varonil
Ninguém vai sentir saudade:
Quem lucra é a  sociedade
Do nosso querido Brasil.
E  saiba, caro leitor
Que nós somos os culpados
Porque sai do nosso  bolso
Esses milhões desejados
Que são ligações diárias
Bastante  desnecessárias
Pra esses desocupados.
A  loja do BBB
Vendendo só porcaria
Enganando muita gente
Que logo  se contagia
Com tanta futilidade
Um mar de vulgaridade
Que  nunca terá valia.
Chega  de vulgaridade
E apelo sexual.
Não somos só futebol,
baixaria e  carnaval.
Queremos Educação
E também evolução
No mundo  espiritual.
Cadê  a cidadania
Dos nossos educadores
Dos alunos, dos políticos
Poetas,  trabalhadores?
Seremos sempre enganados
e vamos ficar calados
diante  de enganadores?
Barreto  termina assim
Alertando ao Bial:
Reveja logo esse equívoco
Reaja  à força do mal…
Eleve o seu coração
Tomando uma decisão
Ou  então: siga, animal…
FIM
Salvador, 16 de janeiro de 2010.
* *  * 
É autor de um dos mais recentes e estrondosos sucessos da Internet, o cordel Caetano Veloso: um sujeito alfabetizado, deselegante e preconceituoso.
Professor, poeta e cordelista. Amante da cultura popular, dos livros, da natureza, da poesia e das pessoas que vieram ao Planeta Azul para evoluir espiritualmente.
Graduado em Letras Vernáculas e pós graduado em Psicopedagogia e Literatura Brasileira.
Seu terceiro livro de poemas, Flores de Umburana, foi publicado em dezembro de 2006 pelo Selo Letras da Bahia.
Possui incontáveis trabalhos em jornais, revistas e antologias, com mais de 100 folhetos de cordel publicados sobre temas ligados à Educação, problemas sociais, futebol, humor e pesquisa, além de vários títulos ainda inéditos.
 
 
 
 


 

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